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Terça-feira, 5 de Maio de 2015

Bóris, o meu primeiro boxer

Lena Falcão, casadalucia@sapo.pt

 

Não é minha intenção desfazer de nenhuma raça de cães, muito pelo contrário, desde os 5 anos que os tenho. O primeiro foi um Pastor Alemão seguiram-se Dobermans ,Rafeiros, Cocker Spaniel, etc.  Mas, há muito que ansiava por um Boxer, todos os veterinários por onde eu passava com os meus cães, eram unânimes a dizerem que era um cão fora de série .

Enfim, depois de muitos cães passarem pela minha vida e permanecerem sempre no meu coração, lá veio o tão ansiado Boxer.

O Bóris foi oferecido por uns amigos do meu marido , quando o fomos buscar era o mais pequeno da ninhada , mas era dado e como não tivemos opção de escolha, lá o trouxemos.

Fomos com ele ao veterinário fazer o rotineiro da primeira consulta e apesar de ser muito pequeno e magro para os dois meses que tinha, estava tudo bem.

Contudo, ele não estava a desenvolver normalmente pois não comia bem a ração, então resolvi dar-lhe leite para cachorros. Foi o melhor que fiz, parece que ainda o estou a ver, eu sentada na cama e ele no meu colo a beber o biberão, arrotava e quando o punha na caminha dele ( ao lado da minha) já dormia.

Passou um mês e embora não tenha desenvolvido o dito normal o veterinário achou que ele estava bem para a idade , porém após a segunda auscultação o mesmo concluiu que ele tinha um pequeno sopro, mas nada de preocupante , pois até era frequente nos boxeres.

Finalmente tinha o meu Boxer e levava-o a correr nas dunas da praia da Manta Rôta, jogávamos à bola, corríamos e saltávamos , que felicidade no auge dos seus 4 meses.

No jardim da casa dos meus pais brincava com os meus dois cockers e como Rex, parecia um cavalo a correr, até que um dia numa dessas brincadeiras caiu por terra, ficámos na dúvida se tinha desmaiado ou se simplesmente tinha escorregado dado que ele depressa se levantou.

Passados uns dias voltou a acontecer, só que desta vez demorou a recuperar, levámos o Bóris para o Hospital Veterinário do Algarve e lá ficou a fazer exames e em observação todo o dia. Quando o fomos buscar o diagnóstico do cardiologista não podia ser pior, Cardiomiopatia Congénita com Estenose Aórtica.

O médico esteve cerca de 1 hora a explicar-nos tudo e a passar a medicação. Se o diagnóstico era mau o prognóstico era ainda pior.

O médico desenhou-nos o pior cenário possível, que os colapsos iriam ser frequentes até a medicação actuar , que iria criar líquido no abdómen, que o seu coração iria ficar cada vez mais fraco até que num colapso ele acabaria por morrer.

Eu nem queria acreditar, o meu primeiro Boxer sentenciado de morte! Não era justo nem para mim e muito menos para ele!

Quando nos despedimos do médico mesmo à porta do consultório jamais poderei esquecer as suas palavras: “ele não vai viver muito tempo, portanto, quando isso acontecer arranje logo outro porque os boxeres são cães espectaculares!"

Aquilo pareceu-me tão mal, assim que saí do Hospital e entrei no carro comecei a chorar, de Faro até Cacela chorei sempre. Quando cheguei a casa dos meus pais eles até pensaram que ele tinha morrido, tal não era o meu estado.

Os dias que se seguiram foram terríveis, sempre com o mesmo pensamento, quase que fiquei paranóica com a ideia da sua morte.

Agora e mais do que nunca dormia no nosso quarto, tinha de ouvir a sua respiração durante a noite. Várias vezes se sentiu mal e eu acordava sobressaltada e corria para ele a massajar o coração, levava-o para a rua para apanhar ar fresco , enfim o pânico total. Não voltámos à praia, quando brincávamos tinha de ser com moderação pois se entrasse em esforço a língua começava a ficar cianótica ( roxa )  o que era sinónimo de parar se não, a seguir já se sabia o que era!

Rezei, implorei a Deus e principalmente à Nossa Senhora de Fátima (da Qual  sou devota) para que o meu filho cão não morresse.

Se dependesse do meu amor (e também dos medicamentos ) ele não morreria!

Entretanto fiquei grávida e em casa, o Bóris foi o meu grande companheiro de todas as horas. Quando a Lúcia nasceu ele já tinha 1 ano e 4 meses, os colapsos foram ficando cada vez mais espaçados. Quando cheguei do hospital apresentei-lhe a bébé , que ele cheirou exaustivamente , cada vez que vinha cá alguém a casa ele sentava-se ao lado do carrinho e ninguém podia tocar na bébé sem a minha ordem.

IMG_0404.jpg

Certo dia estava a Lúcia no jardim sentada no carrinho a comer um gelado e o Bóris ao lado, era lambidela a ti lambidela a mim. Tornou-se guardião da minha filha e depois do meu filho Paulo que nasceu 3 anos e meio depois. Com tudo isto o Bóris continuava vivo e entretanto  passara-se 4 anos, 10 comprimidos por dia, esforço controlado e pelo menos uma visita anual ao cardiologista para fazer exames e reajustar o tratamento.

Posso dizer que chegada a certa altura deixei de estar constantemente a pensar na sua doença, tudo passou a ser rotineiro, era como ter uma criança doente em casa e ter de a medicar e parar quando fosse necessário. Sei que a doença dele não tem cura nem cirurgia possível, mas também sei que o amor faz milagres. Ele sentiu que não tínhamos desistido dele e que o amávamos muito assim como ele a nós. Ele é um lutador porque decidiu ficar connosco e ser o cão maravilhoso que é.

BorisPiscina.jpg

Hoje e com quase 10 anos ele é o primeiro a pedir os comprimidos quando lhe parece que estou esquecida, senta-se ao pé do frigorífico a olhar, pois é de lá que tiro o queijinho onde envolvo a medicação. Ele próprio aprendeu a controlar-se nas brincadeiras, se a lareira estiver acesa ele não entra na sala porque lhe falta o oxigénio, enfim é fantástico ter este filho cão boxer.

Os meus filhos fazem o que querem dele, nós até costumamos dizer que, cá em casa os miúdos é que mordem nos cães!

IMG_0281.jpg

Também é um bom guarda, está sempre vigilante, mas se vem alguém cá a casa é um “ melga”, mas só sai quando nós acompanhamos à porta, caso contrário não sai.

A esta altura posso constatar de que os boxeres são realmente maravilhosos, tudo o que li e o que pessoas entendidas na raça me disseram é a mais puríssima verdade. Tanto assim é que há 2 anos e meio que tenho a Jenifer de Rasek, uma linda boxer de quase 40 kg. e há 1 ano que tenho o meu lindo e carinhoso Kaiser de los Tomeguines . Cada um com o seu temperamento, personalidade e manias, todos diferentes mas todos iguais.

3boxers.jpg

Todos circulam livremente pela casa e se me descuidar com a porta do quarto aberta fico sem lugar na cama. Como o Bóris sempre tem dormido no quarto, tive de pôr as camas dos outros também lá. Umas vezes ficam no sofá da sala e só de madrugada é que vão para cima, é rara a manhã que não acordo com 1 , 2 ou 3 boxeres na cama.

Entretanto por amor à raça que tanto me tem dado, tornei-me madrinha do Boxer Rescue Portugal, neste momento tenho também a Alaska cá em casa, resgatada há quase 7 meses do canil municipal do qual também sou voluntária. A Alaska é uma boxer idosa  (mas muito charmosa ), cerca de 9 ou 10 anos, mas em muito boa forma apesar de ter sido abandonada e ter vivido algum tempo no canil.

Alaska.jpg

Embora não a possa ter junto aos outros 3 pois não se dão, é uma cadela fabulosa em comportamento. Sinto a cada dia que passa que ela está feliz cá em casa e agradecida pela oportunidade de ter saído do canil. Também já resgatei outros boxeres do canil , uns foram adoptados por amigas minhas outros seguiram para o BRP, Paraíso dos Boxeres.

Quanto ao meu primeiro boxer, o Bóris, a doença deixou de ser um problema, ele tinha de ser o meu filho cão !

Mais que um cão , mais que um boxer ele foi e é uma dádiva de Deus!

publicado por Blog do Boxer às 22:14

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